Transcrição: Juliano de Henrique Mello ERGO FECIT
Em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo. Amém.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo. Para sempre seja louvado.
A liturgia de hoje venera os sete nobres florentinos que, no século XII, em meio às ferozes lutas que devastavam Florença e a Itália, abandonaram o mundo para viver em comum. Entregaram-se à austera adoração e penitência, consagrando-se à contemplação da Paixão e das dores da Santíssima Virgem. Retiraram-se para um monte e fundaram uma nova ordem, cuja influência benéfica se estendeu à França, Polônia e Alemanha. Por uma circunstância providencial, como alude um trecho da Missa, receberam das bocas de crianças o nome de Servos de Maria — os Servitas.
É admirável notar como as fundações religiosas surgem como clarões da Providência Santíssima para iluminar as trevas de determinados momentos históricos ou para reivindicar o cumprimento e a obediência às verdades reveladas, frequentemente esquecidas ou rejeitadas.
Isso acontece recorrentemente. Não foi uma, nem duas, nem três vezes que Deus providenciou luzes para iluminar tempos de degradação moral tão profunda que não se pode remediar senão por meios extraordinários.
Isso se confirma pelo Santo Evangelho de hoje. Quando São Pedro questiona Nosso Senhor sobre a equivalência entre a renúncia dos bens temporais e a sorte definitiva eterna, Cristo afirma que não há proporção alguma. Toda renúncia temporal é insignificante comparada às recompensas divinas, que só podem ser compreendidas à luz da virtude teologal da fé. Caso contrário, como explicar que homens nobres, como os sete fundadores dos Servitas, tenham abandonado tudo para seguir a Cristo?
Casos semelhantes se repetem na história. Um exemplo são os seis jovens que fundaram uma ordem em 9 de novembro de 1732, provenientes das mais proeminentes famílias do Reino de Nápoles. Entre eles havia um advogado renomado e um médico da segunda mais influente família napolitana. Esses homens vieram dos palácios e das maiores marinhas mercantes do reino, mas escolheram a pobreza evangélica. No dia em que cantaram o Te Deum, 09/11/1782, o jantar foi uma simples caldeirada de sobras. Assim como os Servitas, os Redentoristas alcançaram seu apogeu um século após sua fundação, chegando a ter 11 mil membros. Mas hoje, na era da nova religião, nada restou dela.
A história se repete: o modernismo destrói as grandes obras do passado. Os sete fundadores dos Servitas são um exemplo de como Deus sempre providencia remédios. Mas nós somos teimosos e rebeldes.
Que lição tiramos disso? A resposta está na última imagem fiel de algo semelhante: a Fraternidade Sacerdotal São Pio X, à qual estamos unidos.
As comunidades Ecclesia Dei não se encaixam, pois, sendo acordistas, não preservam integralmente o depósito da fé. Não é por acaso que o nome original da Fraternidade era Sociedade dos Apóstolos de Jesus e de Maria. Assim a chamou Monsenhor Marcel Lefebvre, e assim ele a carregou em seu coração até o fim.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo. Para sempre seja louvado.