Transcrição: Juliano de Henrique Mello ERGO FECIT
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!
Meus filhos, a figura deste mundo foi se apagando para os santos. Eles se desapegaram das coisas passageiras e voltaram seu coração para os tesouros de Deus. As graças divinas foram se enraizando em seu intelecto e em seu coração, até que nada mais importava senão a santidade.
São Paulo, que teve todas as oportunidades de prestígio social, religioso e intelectual, rejeitou a glória deste mundo e proclamou: “A figura deste mundo passa” (1 Cor 7,31). Ele compreendeu que o amor ao mundo é um grande obstáculo à santidade. Mas, e nós? Onde está o nosso ódio ao mundo? Onde está o nosso desprezo pelo pecado? Estamos, de fato, buscando a Deus ou ainda nos agarramos ao mundo e suas ilusões?
Nós amamos o mundo mais do que ousamos admitir. Somos proprietários de nós mesmos, amigos do inimigo, presos aos nossos próprios interesses. Diante de Deus, jogamos sujo, oferecendo-lhe apenas restos de nosso tempo, de nossa devoção, de nosso amor. Somos uma praga, uma peste em nossa relação com Deus, sempre exigindo d’Ele recompensas sem verdadeiro arrependimento e conversão.
São Francisco de Sales aconselhou uma filha espiritual que lamentava sua falta de progresso: “Ainda não!”. Isso se aplica a nós. Ainda não avançamos porque ainda não renunciamos ao mundo, ainda não nos entregamos inteiramente a Deus.
O pastor que não exige os direitos de Deus e não os proclama com vigor é um falso pastor. Somos rápidos para reclamar de nossas provações, mas lentos para reconhecer nossa tibieza. Falsificamos a religião quando confundimos nossos sofrimentos causados por erros pessoais com autêntico sacrifício por Deus. Sofrer por nossa teimosia não nos torna santos; sofrer por amor a Deus, sim.
Os santos, à medida que cresciam em santidade, viam o mundo se apagar. Eles sofriam, mas com alegria, pois compreendiam que nada poderia separá-los do amor de Cristo. E nós? Quantas vezes nos afastamos de Cristo por preguiça, mediocridade e falta de decisão?
Deus quer demolir em nós tudo o que impede Sua graça de agir. Ele quer nos arrancar do apego ao pecado, da escravidão aos bens materiais e do amor próprio desordenado. A alma que não reza se condena. Santo Afonso ensinava que, após 30 dias sem oração, a alma entra em pecado mortal. Quantos de nós estamos vivendo assim, evitando a oração, fugindo da presença de Deus?
Se não cremos nos direitos de Deus, não os exigiremos. Se pais não corrigem seus filhos, é porque não creem. Se cristãos não reformam seus costumes, é porque não creem. Vivem para si mesmos, para suas paixões, e não para Deus. Ele não reina porque não queremos que Ele reine.
Ainda hoje, o Reino dos Céus sofre violência, e são os violentos que o tomam de assalto. A santidade exige luta, exige penitência, exige renúncia. Nossa Senhora, Rainha dos Confessores, nos ajude a confessar nossa fé com firmeza e a trilhar o caminho da verdadeira conversão.
São Luís, no fim de sua vida, viveu como um candelabro ardente, sem mais vínculos com o mundo. Sua santa esposa, igualmente grandiosa na fé, permaneceu ao lado dele até o fim, mostrando que a santidade é fruto do total desapego. Nós, porém, estamos ainda enraizados no mundo.
O que significa viver habitualmente em estado de pecado mortal? Significa estar escravizado ao pecado venial deliberado. Quem abandona a oração, inevitavelmente cairá. Santo Afonso dizia que uma alma que passa 30 dias sem rezar já está espiritualmente morta. Não há vida sobrenatural sem oração constante.
Nosso Senhor não aceita divisão de corações. Ou somos inteiramente d’Ele, ou não somos nada. Se queremos a glória eterna, devemos renunciar ao apego desordenado ao mundo. Se não queremos que Deus reine, Ele nos deixará seguir nossos caminhos, mas o preço será alto.
Portanto, meus filhos, que Nossa Senhora, Rainha dos Confessores, interceda por nós, para que possamos confessar nossa fé com firmeza e urgência. Sejamos violentos no combate espiritual, pois o Reino dos Céus se conquista com esforço.
Sem a graça, a tarefa é impossível. Mas onde há abandono do pecado, há a vitória de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.