A Missa Tradicional em quarentena?

Artigo escrito pelo Pelo Padre Alain Lorans, FSSPX

Padre Alain Lorans, FSSPX

Esse é um rumor que circula há várias semanas. As autoridades romanas preparam-se para tornar ainda mais restritiva a autorização para celebrar a Missa tradicional. Proibiriam o uso do missal de São Pio V a todos os sacerdotes diocesanos que não pertençam aos ex-Institutos Ecclesia Dei.

Eles proibiriam até mesmo os bispos de celebrar ou autorizar a celebração do antigo rito em suas dioceses. O jornal La Croix, de 1º de julho, cita fontes vaticanas cautelosamente anônimas, fala de “fofocas” e “suposições”.

No entanto, o jornal The Pillar, de 3 de julho, revela que essas novas medidas “não visariam uma supressão total”, mas sim “uma espécie de quarentena” dos padres e fiéis ligados à Missa de sempre.

A ideia seria ‘obrigar os católicos tradicionais a viverem como que em reservas’, com tudo o que esse tipo de imagem implica. Removê-los da vida diocesana, empurrando-os para pequenos redutos em torno de sociedades como a Fraternidade São Pedro e até mesmo a Fraternidade São Pio X, tirando-os das mãos dos bispos locais”, diz um funcionário romano cuja identidade não foi divulgada.

Tratar-se-ia, portanto, de retirar dos bispos qualquer possibilidade de conceder uma derrogação em favor de uma Missa que querem ver desaparecer definitivamente. Este centralismo autoritário vai contra a “sinodalidade” proclamada em Roma e mostra claramente a falta de confiança que a Santa Sé tem em seu episcopado. Os envolvidos estão acostumados a isso, serão dóceis.

Mais interessante é essa ideia de criar “reservas”, como houve para os índios americanos. Obviamente, essas não serão reservas para proteger uma espécie em extinção, como o Último dos Moicanos, mas sim reservas por razões sanitárias.

O conceito de “quarentena” explica claramente a natureza do projeto. É necessário estabelecer um cordão sanitário para evitar a contaminação e a atração que a Tradição exerce sobre sacerdotes e fiéis. Essa é uma admissão importante.

Os adeptos da liturgia conciliar adotam a atitude daqueles que sabem que pertencem a um organismo enfraquecido e imunodeprimido. E essa falta de vitalidade manifesta-se de maneira gritante em uma esterilidade cada vez mais preocupante.

Para se dar conta disso, basta abrir o Comunicado de Imprensa Ordenações Presbiterais 2024, da Conferência dos Bispos da França: durante vários anos houve apenas algumas centenas de ordenações por ano para substituir várias centenas de sacerdotes falecidos ou que estão gravemente incapacitados.

Esse documento apresenta a cifra de 709 seminaristas em 2024, em comparação com 828 em 2018, mas, acima de tudo, nos últimos dois anos, o número de entradas nos seminários diocesanos na França não foram apresentados, porque não são mais apresentáveis. Mascara-se assim uma falência patente com um não-reconhecimento dos números, uma negação da realidade. A pastoral vocacional transforma-se em pastoral do avestruz.

Afinal, onde fica a reserva indígena? Onde estão as espécies ameaçadas? E onde estão as almas em tudo isso? As autoridades do Vaticano não se importam, e isso tem um nome: não assistência às pessoas em perigo. Eis porque a Tradição é, mais do que nunca, vitalmente necessária.

Publicado em 05/08/2024. Veja mais artigos como este no site da FSSPX

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