Nossa Senhora de Guadalupe: A Virgem que forjou uma pátria

Nossa Senhora Virgem de Guadalupe
"Nada semelhante foi feito em qualquer outra nação." disse o Papa Bento XIV quando viu pela primeira vez uma cópia da imagem da Virgem de Guadalupe.

Publicado originalmente pela FSSPX (Distrito do México)

Antes da sua chegada

Quando os espanhóis chegaram à Cidade do México, capital do império asteca, encontraram uma civilização cuja estrutura social e governamental era complexa. Eles tinham uma religião cruel. Cruel porque todos os anos uma média de cerca de 20.000 pessoas (incluindo homens, mulheres e crianças) eram sacrificadas a ídolos como Quetzacóatl, o deus cobra, ou Tláloc, o deus da chuva e do sol.

Pouco depois, Dom Frei Juan de Zumárraga, acompanhado de 12 franciscanos e alguns dominicanos, foi enviado para evangelizar esta cidade. O trabalho parecia difícil, pois os indígenas não queriam se converter. Somente a intervenção divina poderia unificar estas duas culturas. Deus, movido pelas orações destes missionários, veio em seu auxílio.

Origem da imagem

Em 8 de dezembro de 1531 ocorreu um acontecimento extraordinário que ajudou este novo país a se tornar um dos mais católicos do mundo. Na manhã daquele dia, um pobre índio, Juan Diego, quando se encaminhava à igreja para ouvir a missa, viu uma bela Senhora. Ela pediu-lhe que falasse com o bispo para que naquele lugar fosse construída uma igreja em sua homenagem. O bispo, por prudência, pediu-lhe um sinal, que foi concedido, quando Juan Diego se apresentou ao bispo pela terceira vez, no dia 12 de dezembro, seu manto mostrava impressa a imagem da Santíssima Virgem.

Poucas horas depois, a notícia se espalhou sem a ajuda de qualquer declaração oficial, e já havia milhares de índios aglomerados em frente à praça para ver a imagem milagrosa daquela que foi apresentada como Mãe. Essas conversões continuaram e logo atingiram a cifra de 8 milhões em poucos anos. Os historiadores dizem que mais de 15.000 indígenas vinham diariamente para receber o santo Batismo.

Seu nome

O próprio nome desta Senhora estava em seu dialeto “Coatlaxoupeuh”, ou seja, “aquela que esmaga a cobra de pedra”. Foi o anúncio da morte de Quetzacoatl, o deus serpente.

Cada detalhe desta imagem era um símbolo perfeitamente compreensível para os povos indígenas. Ela está de pé sobre uma lua crescente negra. Esta lua representava sua deusa, a terrível Coyolxauhqui, a rainha das trevas, inimiga da luz. Está diante do sol, que era o mais temível de seus deuses. O sol, a lua e as estrelas representavam a vida para eles.

A disposição das estrelas coincide exatamente com o céu como se via naquele dia, 12 de dezembro de 1531, dia em que Ela entregou sua imagem. Esta data foi muito importante para os astecas porque o solstício de inverno significou o início de uma nova era de vida graças a um novo sol.

A mensagem da Rainha do Céu

Mas talvez o símbolo principal fosse a pequena cruz que pode ser vista na gola do vestido, como um broche. Nela os nativos reconheceram a cruz que viram nos navios espanhóis, a mesma pregada pelos franciscanos e dominicanos. Se esta Senhora disse que era sua Mãe e tinha a Cruz, era porque os missionários tinham razão e que a religião que pregavam era a verdadeira. Não esqueçamos que o tom da sua pele e a escuridão dos seus cabelos e olhos, eram a prova de que ela não era uma estranha, mas sim uma dos seus.

Cada desenho em sua capa é uma mensagem. As grandes flores que usavam para decorar os seus monumentos simbolizavam a presença de Deus. O nome desta flor era “nahui ouin”, flor do sol. As pulseiras que ela usa são as mesmas usadas pelos servos dos grandes senhores. A Faixa Preta deixou claro que ela estava grávida. “Eu sou a Bem-Aventurada Virgem Maria, Mãe do verdadeiro Deus”, disse ela a Juan Diego.

Desta forma é fácil compreender porque tantos indígenas abraçaram a fé católica: esta imagem levava uma mensagem e falava com eles…

Ela também foi um incentivo para os missionários: foi responsável pela transformação do país. Apenas 6 anos após a aparição, já surgiram uma universidade, faculdades, artes, ciências, a primeira tipografia, o primeiro hospital…

Diante do desafio da ciência

Os anos se passaram e a ciência foi aperfeiçoada. O ceticismo veio e os homens começaram a duvidar de tudo que não pudesse ser comprovado cientificamente.

Os índios não tiveram necessidade de nenhuma prova, pois a mensagem que a imagem carregava lhes bastava. Infelizmente, o homem moderno perdeu esta simplicidade.

Por isso começaram a ser feitos alguns testes científicos na imagem e, que surpresa! Todos eles, absolutamente todos, confirmam que esta imagem não foi pintada por mãos humanas, mas é totalmente sobrenatural!

Questões sobre a imagem

Resumidamente, a Imagem de Nossa Senhora de Guadalupe levanta as seguintes questões para a ciência:

  1. A costura da tilma enigmaticamente desviada. O fio que une as duas partes que compõem a Tela Sagrada está inclinado ao atingir o rosto para não desfigurar sua beleza.
  2. Sua rugosidade e suavidade estranhamente simultâneas. Na frente, onde aparece a imagem, o tecido é macio como seda; e no verso é áspero e cheio de arestas.
  3. Sua imunidade contra poeira e traças. Nunca é tocado por um único átomo de poeira e é imune aos insetos que destroem tudo que encontram.
  4. Sua proteção contra a umidade e a maresia. Nem mesmo as águas do Lago Texcoco a umideceram, nem a maresia devastadora danificou minimamente a imagem sagrada.
  5. Sua imunidade à ação do ácido nítrico, que queima e destrói, não prejudicou quando recebeu grande quantidade dele em 1791. Aparece em um documento autêntico.
  6. Sua neutralidade diante do fogo e da pólvora. Nem a chama das ceras, durante os 116 anos que não era protegida por vidro, nem a bomba de 1821, lhe fizeram estrago. Sua força foi neutralizada.
  7. Sua pintura sem preparação de tela. Os pintores ficam surpresos ao ver como a imagem pôde ser impressa em uma tela tão fina e sem primer. Eles não conseguem entender isso.
  8. Sua aparência imutável e surpreendente. A efígie de Guadalupe é mais durável que seus templos, que foram construídos, restaurados e demolidos durante mais de quatro séculos.
  9. Juan Diego nos olhos da Virgem. Juan Diego aparece nos olhos da Virgem e no topo de sua tilma se vê o rosto da celestial Senhora.

A humilde tilma

O primeiro milagre que a ciência moderna não conseguiu refutar é que o tecido não sofreu qualquer degradação natural. A imagem impregnou a tilma de Juan Diego, que era feita de ayate, ou seja, planta comum naquela região. Normalmente, leva cerca de vinte anos para que a decomposição do material ocorra, ainda assim, há 450 anos, ela permanece intacta.

Se não bastasse, durante mais de um século, a imagem esteve exposta na igreja sem qualquer proteção, sendo tocada por centenas de milhares de peregrinos e pelos sinais de piedade que a rodeiam. Além disso, quem teria pensado em pintar tal imagem num tecido tão grosseiro?

Os pigmentos também são um mistério. As experiências realizadas sobre este assunto provam que a sua origem é totalmente desconhecida e que estas cores não são vegetais, nem animais, nem minerais. Obviamente, a coloração artificial não existia naquela época.

Os olhos da Mãe de Deus

Os olhos da Virgem representam a maior das maravilhas. Desde 1956, têm sido observados por cientistas, oftalmologistas e cirurgiões. O médico Javier Torroella Bueno, do Instituto Mexicano de Oftalmologia de San Cristóbal de las Casas, declarou após uma análise que nos olhos da Virgem podemos distinguir: no olho direito, a imagem de um homem com barba que pode ser vista com uma lupa. No olho esquerdo esta imagem se repete, e ambos seguem perfeitamente as leis da visão.

O Dr. Rafael Torija Lavagnet, após um exame exaustivo, certifica: «Que se observa o reflexo de um busto humano no olho direito da imagem. Que o reflexo daquele busto humano está localizado na córnea. Que a sua distorção corresponde à curvatura normal da córnea. Que, além do busto humano, são observados dois reflexos luminosos no referido olho, correspondentes às três imagens de Sanson-Purkinje. Esses reflexos luminosos tornam-se brilhantes ao refletir a luz que lhes é enviada diretamente. Que os reflexos de luz mencionados demonstram que o busto humano é de fato uma imagem refletida na córnea e não uma ilusão de ótica, causada por algum acidente da constituição do corpo. “Que na córnea do olho esquerdo da imagem original, o reflexo correspondente do referido busto humano é percebido com suficiente clareza.”

A Virgem que forjou uma Pátria

O povo mexicano nunca duvidou da autenticidade e origem desta imagem. É Ela quem vive no coração de todos os mexicanos.

“Não tenha medo”, disse a Santíssima Virgem a Juan Diego… “Não sou eu quem sou sua Mãe?” Não esqueçamos as palavras do  Papa Bento XVI.

Veja mais artigos como este no site da FSSPX (Distrito do México)

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